Por Fred B. Bryant, Ph.D. Loyola University Chicago

A sociedade moderna simplesmente não poderia existir sem medição. A civilização do século XXI é inconcebível sem as ferramentas de medição indispensáveis das quais a vida cotidiana depende. Tempo, tamanho, distância, velocidade, direção, peso, volume, temperatura, pressão, força, som, luz, energia — estas estão entre as propriedades físicas para as quais os humanos desenvolveram medidas precisas, sem as quais não poderíamos viver nossas vidas diárias normais.

A medição permeia todos os aspectos da vida humana. No entanto, ironicamente, tendemos a tomar medidas como garantidas, e não apreciamos o quanto precisamos e dependemos de nossas ferramentas de medição. Ignoramos a importância da medida porque estamos cercados por ela e nos acostumamos a ela. É somente quando nossas ferramentas de medição funcionam mal ou não estão disponíveis que começamos a apreciar o quão importantes elas são. Na verdade, só sabemos o que temos quando ele se foi.

No entanto, se tentássemos viver sem medição por um único dia, então veríamos rapidamente o quão vital é a medição em nossas vidas cotidianas. Um dia normal seria impossível sem medição.

Tente imaginar viver um dia sem medição.

Quando você vai para a cama, você começa a se perguntar como e quando você vai acordar na manhã seguinte para ir trabalhar. Sem medição, não haveria relógios ou alarmes para despertá-lo em um horário selecionado.  Mas pelo lado positivo, se não houvesse medidas de tempo, ninguém saberia se você se atrasou ou não para o trabalho. A própria noção de chegar a tempo desapareceria sem medição.

Depois de acordar, você não poderia usar um fogão elétrico, forno ou micro-ondas para fazer café da manhã ou café, porque esses dispositivos dependem de medidas de temperatura ou tempo para aquecer alimentos e bebidas.  Também não poderia usar uma geladeira moderna, já que a refrigeração requer medição para manter alimentos e bebidas a uma temperatura predefinida.

No deslocamento para o trabalho, você não poderia dirigir porque os automóveis modernos usam computadores a bordo, que dependem de medição para controlar o sistema de ignição, transmissão automática, freios, temperatura do motor, posição do acelerador e mistura de combustível e oxigênio. Nem você poderia saber quanto combustível, óleo ou fluido de transmissão seu veículo tinha, pois sem medição não haveria medidor de combustível ou vara de mergulho para verificar esses níveis de fluido.

Mesmo se você pudesse dirigir um carro, você nunca poderia saber o quão rápido você estava indo porque você não teria um velocímetro. Mas, pelo lado positivo, a polícia nunca seria capaz de pará-lo por excesso de velocidade porque, sem medição, não haveria radar para impor o limite de velocidade. De fato, não poderia haver limites de velocidade sem medição.

No trabalho, você não poderia usar um computador, já que os computadores exigem medição para operar. Nem você poderia usar um telefone fixo, celular ou máquina de fax para se comunicar com outros, porque esses dispositivos dependem de medição para operar.

Esqueça voar, ou pegar um ônibus, trem ou transatlântico em uma viagem de negócios intercontinental; e esqueça de viajar para o exterior. O transporte e a navegação de longa distância seriam impossíveis sem a medição de distância, velocidade, tempo, direção e combustível.

E com relação aos negócios e comércio, esqueça de acompanhar as receitas financeiras e despesas, lucros e perdas, ou economias e custos. Sem medição, as pessoas não podiam saber quanto dinheiro têm ou quanto dinheiro estão gastando. Pelo lado positivo, porém, sem medida você nunca teria que pagar imposto de renda novamente, pois a Receita Federal não poderia operar sem medição.

Em um mundo em que não existem ferramentas de medição, não poderia haver medicina moderna, saúde, cirurgia, farmacologia, radiologia, odontologia, optometria ou audiologia. E em um mundo sem medida, não poderia haver ciência. Pois, como o psicólogo James Cattell observou em 1893, “A história da medição é a história da ciência”.

Inúmeros observadores enfatizaram a necessidade de medição no avanço do conhecimento e da compreensão humana. Considere as seguintes citações:

“Se alguém separasse a arte de contar e medir e pesar de todas as outras artes, o que restou de cada um (dos outros) seria, por assim dizer, insignificante.”

— Platão (século IV a.C.)

“Por medição ao conhecimento.”

— Heike Kamerlingh Onnes (1882), prêmio Nobel de Física de 1913

“Na ciência física, o primeiro passo essencial na direção da aprendizagem de qualquer assunto é encontrar princípios de acerto numérico e métodos praticáveis para medir alguma qualidade ligada a ele. Eu costumo dizer que quando você pode medir o que você está falando, e expressá-lo em números, você sabe algo sobre isso; mas quando você não pode mensurá-lo, quando você não pode expressá-lo em números, seu conhecimento é de um tipo escasso e insatisfatório; pode ser o início do conhecimento, mas você mal tem em seus pensamentos avançados para o estado da ciência, qualquer que seja o assunto… as maiores descobertas da ciência têm sido, mas as recompensas da medição precisa e do trabalho de parto prolongado do paciente na peneiração minuciosa dos resultados numéricos.”

— Lorde Kelvin (1883)

Felizmente, vivemos em um mundo que nos permite fazer medições. Ferramentas de medição tornam nossas vidas melhores e mais seguras, e melhoram a qualidade e quantidade de vida. Indiscutivelmente, a capacidade de medir propriedades físicas com precisão tem um tremendo valor de sobrevivência que dá aos humanos uma vantagem adaptativa e evolutiva aperfeiçoada através de muitos anos de seleção natural. Assim, a evolução pode muito bem ter selecionado para capacidades de medição em seres humanos.

A missão dos Serviços de Banco de Dados de Medição Comportamental, produtor do banco de dados HaPI, é fornecer informações abrangentes e precisas sobre ferramentas de medição em diversas disciplinas e profissões, incluindo medicina, enfermagem, saúde pública, psicologia, serviço social, comunicação, sociologia e comportamento organizacional/recursos humanos. Refletindo a importância crítica da medição na pesquisa e na prática, o banco de dados instrumentos de Saúde e Psicossocial (API) tem como objetivo melhorar o acesso aos instrumentos de medição nas ciências da saúde e psicossociais em todo o mundo. E melhorar o acesso às ferramentas de medição melhorará a qualidade e a validade da ciência. Nunca perca de vista a importância vital da medição, sem a qual a vida moderna não poderia existir.  Pois, sem medição, estaríamos realmente perdidos.

Dr. Fred B. Bryant é Professor de Psicologia na Universidade Loyola de Chicago, onde lecionou cursos de psicologia social, estatística e psicometria e realizou pesquisas nos últimos 30 anos. Possui cerca de 200 publicações profissionais nas áreas de psicologia social e personalidade. Sua pesquisa atual se concentra principalmente na dinâmica do sabor — ou seja, no processo de atendimento, valorização e regulação da experiência positiva.